quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

ESTAÇÕES

Vida imita as estações
Ao vê-las em ciclos sempre iguais,
Sempre girando.
Sem pressa ou pausa
O tempo vai passando
Medido pelo sol,
Pelas estrelas.
Nas engrenagens de um relógio eterno:
Primavera, verão, outono, inverno.

Nascer, andar, crescer,
Florir sorrindo
Ao som feliz do canto das cigarras,
Ao sol das esperanças e quimeras
Reviver o espanto
A cada hora.

Pois ser criança
É viver a primavera.
Depois,
não mais conter essa energia
de sol inovador que a tudo aquece;
contestando com clara rebeldia
costumes e valores desgastados;
descobrindo o amor
e sendo amado,
eclodindo sementes para as messes.

Com chuvas passageiras,
Ventanias,
Queima o sol de verão
Da mocidade.

Mas muda o tempo
E amaina a tempestade.
O céu é azul,
As nuvens, de algodão;
Há pássaros com asas de silêncio
Revoando sobre a verde imensidade.
Há gorjeios nos ninhos e acalantos
Quando a noite enternece a paz dos campos.

Os dias são mais claros, mais

Tranqüilos;
É suave o vento, não abrasa o sol.

Os arrozais maduram as espigas,
Há trabalho e fartura,
Vinho e pão.
É tempo de aguardar, como as formigas,
Para o rigor dos dias que virão.

Ao desfolhar as ilusões antigas,
Sentir que o futuro já é presente.
Com a certeza da serenidade
Caminhar
Com os filhos pela mão.

O sol de abril
Que já dissipa as sombras
É o sol de outono
Da maturidade!

Então se cala o pássaro cantor;
O céu muda de cor com as neblinas.
As geadas encanecem as manhãs;
São mais longas as noites,
Mais escuras;
Sem cricrilar de grilos nas lonjuras,
Sem o grito de alerta dos tajãs.

Enterraram seus cantos as cigarras.
E não se escutam mais as algazarras
Dos filhos
Que partiram,
Um a um,
Buscando uma razão para viver.

A solidão tem as asas de um anjo
E as mãos de luz
Que sabem abençoar.
Feliz quem vive o tempo de perdoar,
Tempo de olhar com os olhos de saber
E de adoçar a benção de viver.

E assim retornará ao recomeço
O ciclo das chegadas e partidas.
Quem já cumpriu as estações da vida
Já de voltar
na alma das sementes.

Vai o ancião,
Curvado pelo tempo,
Com o neto aprendendo a caminhar.

Se um gastou as forças que tivera,
O outro
Vê a vida começar agora.

É o inverno
Que passa e vai embora
Para que chegue outra primavera!

Colmar Pereira Duarte

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